EUGÉNIO DE ANDRADE
faz hoje um ano que nos deixou
AS AMORAS
O meu país sabe a amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.
Eugénio de Andrade
QUE FIZESTE DAS PALAVRAS?
Que fizeste das palavras?
Que contas darás tu
dessas vogais
de um azul tão
apaziguado?
E das consoantes, que
lhes dirás,
ardendo entre o fulgor
das laranjas e o sol dos
cavalos?
Que lhes dirás, quando
te perguntarem pelas
minúsculas
sementes que te
confiaram?
Eugénio de Andrade
AS AMORAS
O meu país sabe a amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.
Eugénio de Andrade
QUE FIZESTE DAS PALAVRAS?
Que fizeste das palavras?
Que contas darás tu
dessas vogais
de um azul tão
apaziguado?
E das consoantes, que
lhes dirás,
ardendo entre o fulgor
das laranjas e o sol dos
cavalos?
Que lhes dirás, quando
te perguntarem pelas
minúsculas
sementes que te
confiaram?
Eugénio de Andrade
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