ESPERANÇA
A esperança é a última a morrer
A propósito
mais uma vez
e mais vezes haverá
António Gedeão
DEZ RÉIS DE ESPERANÇA
Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos à boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue
António Gedeão (1958)
A propósito
mais uma vez
e mais vezes haverá
António Gedeão
DEZ RÉIS DE ESPERANÇA
Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos à boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue
António Gedeão (1958)
1 Comments:
Então aqui vai esta do amigo António Aleixo:
Após um dia tristonho,
de mágoas e agonias
vem outro alegre e risonho:
são assim todos os dias.
Pois são...
By Anónimo, at 25/3/05 17:04
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